ABC Heart Fail Cardiomyop 2023; 3(1): e20230020
Cardiomiopatia Periparto
Resumo
Cardiomiopatia periparto (CMPP) é uma doença pouco frequente e potencialmente fatal que se manifesta por insuficiência cardíaca, sem outra causa determinante, com fração de ejeção reduzida relacionada ao ciclo gravídico-puerperal. É uma doença global com diversidade na manifestação clínica e no prognóstico. Pré-eclampsia, idade materna avançada, gemelaridade e a ascendência africana são fatores de riscos reconhecidos. Os testes genéticos constatam que até 20% das mulheres com CMPP têm uma variante identificável de cardiomiopatia. A etiopatogenia, não esclarecida, sugere que dentre outros mecanismos a CMPP é caracterizada pela disfunção endotelial, provocada por agentes antiangiogênicos da placenta, e de produtos da degradação da prolactina. A manifestação da CMPP não é diferente da clínica da insuficiência cardíaca de outras cardiomiopatias, desde sintomas leves ao choque cardiogênico. As taxas de mortalidade em pacientes com CMPP apresentam uma ampla variação, entre 7% a 50%, e estão relacionadas ao choque cardiogênico, ao tromboembolismo e às arritmias complexas. A progressão da doença pode ser rápida, para um quadro de IC grave, com indicação de assistência circulatória mecânica ou transplante cardíaco. A terapêutica durante a gestação distingue-se pelos efeitos adversos do uso dos fármacos à gravidez. Contudo, a seleção criteriosa de betabloqueadores, diuréticos e vasodilatadores tem alcançado sucesso terapêutico materno-fetal. O tratamento obedece às diretrizes convencionais preconizadas afora da gravidez, não obstante o uso da bromocriptina (alcalóide do ergot) e a cabergolina, (agonista do receptor D2 da dopamina), demonstram resultados favoráveis para recuperação ventricular em pacientes com ICFEr <35% quando adicionados à terapêutica otimizada da insuficiência cardíaca.
Palavras-chave: Cardiomiopatia; Gravidez; Insuficiência Cardíaca; Mortalidade materna
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