ABC Heart Fail Cardiomyop 2022; 2(2): 192-194

Há Espaço para Sacubitril e Valsartana no Tratamento da Insuficiência Cardíaca Avançada?

Luis E. Rohde ORCID logo

DOI: 10.36660/abchf.20220029

A publicação do estudo PARADIGM-HF em 2014 foi um marco no tratamento farmacológico moderno da insuficiência cardíaca (IC). Depois de vários anos e inúmeros ensaios clínicos com resultados desapontadores, uma nova classe de fármacos conseguiu demonstrar benefícios inequívocos em desfechos clinicamente relevantes. Nesse estudo, sacubitril-valsartana, uma molécula que associa um inibidor da enzima neprilisina com um bloqueador de receptor da angiotensina II (BRA), reduziu de forma impactante hospitalizações por IC, mortalidade cardiovascular e mortalidade total. A população estudada envolveu mais de 8000 pacientes ambulatoriais, predominantemente classe funcional II e III da classificação da New York Heart Association (NYHA). Por envolver um mecanismo de ação diferenciado, que busca amplificar a ação do sistema natriurético e de outras moléculas vasoativas, o sacubitril-valsartana levaria à vasodilatação pronunciada, natriurese e redução da fibrose cardíaca. Tais benefícios clínicos poderiam estender-se a todo espectro da síndrome de IC, inclusive nas suas fases mais avançadas.

Sobre o estudo PARADIGM-HF, é importante frisar que, embora diretrizes clínicas nacionais e internacionais recomendem o uso de sacubitril-valsartana para pacientes com IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr) e classe funcional da NYHA ≥ II, <1% dos pacientes apresentavam sintomas classe funcional IV da NYHA no momento da randomização. Além disso, para serem randomizados no estudo PARADIGM-HF, os pacientes deveriam receber e tolerar uma dose estável de BRA ou um inibidor da enzima conversora de angiotensina (ECA) nas fases simples-cego do estudo (fases “run-in”) bem como ter uma pressão arterial sistólica de triagem > 100 mmHg. Aproximadamente 20% dos pacientes que foram rastreados para PARADIGM-HF não conseguiram completar os dois períodos run-in, e as causas incluíram baixa pressão arterial e baixa taxa de filtração glomerular, ambas características da IC avançada. De forma similar, o estudo PIONEER-HF que testou sacubitril-valsartana em pacientes com IC aguda descompensada, também incluiu poucos pacientes em classe funcional NYHA IV.

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Há Espaço para Sacubitril e Valsartana no Tratamento da Insuficiência Cardíaca Avançada?

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