ABC Heart Fail Cardiomyop 2022; 2(3): 329-330

Lições do EMPEROR Preserved

Ivna Girard Cunha Vieira Lima ORCID logo , Edimar Alcides Bocchi

DOI: 10.36660/abchf.20220072

Em ensaios clínicos randomizados, os inibidores do cotransportador de sódio e glicose tipo 2 (iSGLT2) se mostraram eficazes em reduzir o risco de morte cardiovascular (CV) e hospitalização por insuficiência cardíaca crônica (ICC), além de desfechos renais, independente da presença de diabetes. Apesar desses achados em pacientes com fração de ejeção (FE) reduzida (ICFEr), subanálises realizadas retrospectivamente em pacientes com diabetes tipo 2 sugerem que muitos dos eventos prevenidos aconteceram em pacientes com FE ventricular esquerda (FEVE) maior que 40%. Nesse sentido, foi publicado o EMPEROR-Preserved que teve como objetivo avaliar a segurança e eficácia da empagliflozina na população com ICFEp. Um total de 5988 pacientes com FEVE > 40% foram randomizados (empagliflozina ou placebo) e acompanhados por 26,2 meses; 45% dos participantes eram mulheres, sintomáticas com classe funcional de NYHA II a IV, uma hospitalização no último ano e com N-terminal pró-peptídeo natriurético tipo-B (NT-PRO-BNP) acima de 300 pg/mL se em ritmo sinusal ou acima de 900 pg/mL se em FA. Os resultados encontrados para o desfecho combinado de morte CV ou internação por IC, para empagliflozina vs. placebo, foi de 13,8% vs. 17,1% com um hazard-ratio (HR) de 0,79 e intervalo de confiança de 95% (IC) de 0,69-0,90, p < 0,001. Não houve diferença significativa em morte CV, com HR de 0,91 (IC 95% 0,76-1,09), mas se observou significativa diferença em internação por IC com HR 0,71 (IC 95% 0,60-0,83), independente da presença de diabetes. Porém, esse efeito benéfico da empagliflozina não foi detectado nos pacientes com FE >60% com HR de 0,87 (IC 95% 0,69-1,1), em análise de subgrupos com suas limitações.

Quando estratificamos os desfechos por FE, vemos que 33% dos pacientes tinham FE entre 41 e 49% e o restante tinha FE >50%. Não houve modificação do efeito da medicação quando comparamos pacientes com fração de ejeção maior que 50% e menor que 60% ou entre 41 e 49%, conforme mostrado na . A empagliflozina foi superior ao placebo na melhoria do desfecho combinado independentemente da presença de diabetes em pacientes com ICFEp. O benefício foi impulsionado principalmente pela redução na hospitalização por ICC e não pela mortalidade CV, o que parece ser independente da FE de base, inclusive entre pacientes com FE entre 50% e 60%. Com esses resultados, a empagliflozina foi aprovada para o tratamento de pacientes com esse perfil e gerou entusiasmo na comunidade científica. Medicações usadas previamente, como candesartana, espironolactona e sacubitril-valsartana, quando tiveram algum benefício, esse foi modesto e predominante em populações com FE menores.

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