ABC Heart Fail Cardiomyop 2021; 1(1): 11-14

O Papel do Especialista em Insuficiência Cardíaca: Benefícios para os Pacientes e para a Comunidade Cardiológica

Livia A. Goldraich ORCID logo , Jefferson L. Vieira ORCID logo , Nadine Clausell ORCID logo

DOI: 10.36660/abchf.20210002

Nas últimas décadas, o avanço no conhecimento das doenças cardiovasculares foi notável. Entre as condições de maior relevância epidemiológica para a população, a insuficiência cardíaca (IC) tem papel proeminente, considerando as elevadas prevalência e incidência mundiais, que também incluem o Brasil. Como tal, o domínio básico dessa condição é fundamental na formação do cardiologista. Contudo, tem avançado o entendimento da complexidade das diversas doenças e dos múltiplos mecanismos fisiopatológicos potencialmente envolvidos no desenvolvimento, na progressão e no prognóstico da IC, assim como o amplo e intrincado espectro de alternativas terapêuticas que vêm surgindo, especialmente nas últimas duas décadas. Esses avanços possibilitaram a melhora significativa de desfechos clínicos de indivíduos com IC, mas também foi tornando-se claro, à medida que se aprofundaram os conhecimentos e os consequentes desafios terapêuticos, que um novo tipo de treinamento e expertise na área da Cardiologia se faziam necessários.

A American Heart Association e a European Society of Cardiology (ESC) foram as pioneiras em estimular o crescimento e o fortalecimento da especialidade de IC, com a criação de grupos de estudos, departamentos e periódicos focados nessa condição. Vários congressos específicos de IC foram sendo organizados e congregam um crescente número de participantes há cerca de 20 anos. Concomitantemente, diversos serviços de cardiologia reconhecidos mundialmente desenvolveram programas de fellowship em IC e transplante cardíaco, muitos dos quais mais recentemente abrangem também a área de suporte circulatório mecânico. Por fim, exames de qualificação para titulação de especialista em IC pela American Board of Internal Medicine (ABIM) e pela Heart Failure Association da ESC foram estabelecidos em 2013 e 2014, respectivamente., Em 2020, um consenso de profissionais do American College of Cardiology (ACC) em associação com a Heart Failure Society of America (HFSA) e a International Society for Heart and Lung Transplantation (ISHLT) apresentou uma lista de requisitos para o treinamento do especialista em IC, baseadas nas competências centrais do Conselho de Credenciamento para Educação Médica de Pós-Graduação Norte-Americano (ACGME). Esse documento delineia, particularmente, as expectativas para médicos que tratam de pacientes com IC avançada ou receptores de transplante cardíaco, e recomenda habilidades específicas também em suporte circulatório mecânico, terapia de ressincronização, transplante cardíaco e hipertensão pulmonar. Além disso, os autores também recomendam que haja um processo de manutenção da certificação do especialista por meio da participação em programas de educação médica continuada e da colaboração com bancos de dados e registros nacionais. A exemplifica e adapta o modelo de treinamento em IC realizado no Brigham and Women’s Hospital da Universidade de Harvard, em Boston, nos Estados Unidos.

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