ABC Heart Fail Cardiomyop 2023; 3(1): e20230037

Ponto de Vista – Diretriz Brasileira de Miocardite

Marcelo Westerlund Montera, Daniella Motta da Costa Dan ORCID logo , Fabiana G. Marcondes-Braga ORCID logo

DOI: 10.36660/abchf.20230037

Diagnóstico

O critério para a confirmação diagnóstica da Miocardite definidos pelas diretrizes Europeia e Brasileira de 2013 de Miocardite, é a identificação da inflamação miocárdica pela biopsia endomiocárdica (BEM)., Este critério diagnóstico utilizado de forma única sem a opção de classificação de suspeita clínica, não espelha a pratica clínica do mundo real, onde somente uma minoria dos pacientes, em centros especializados, são encaminhados para investigação diagnóstica por meio da BEM com a confirmação ou exclusão diagnóstica, e a maioria tem o diagnóstico de suspeita clínica de Miocardite. A diretriz brasileira de 2022 traz como inovação um organograma para estabelecer os graus de suspeita diagnóstica da miocardite, que correspondem a prática clínica do mundo real, onde a maioria dos pacientes terão um diagnóstico de suspeita de miocardite e não de confirmação. Este organograma se baseia na história clínica, em biomarcadores de injúria miocárdica, eletrocardiograma, ecocardiograma e ressonância magnética cardíaca, para estabelecer uma graduação de suspeição diagnóstica de miocardite (), que definirão condutas distintas quanto ao seguimento, tratamento e à necessidade de BEM. Os pacientes de baixa suspeição de miocardite, apresentam um prognóstico favorável com baixo risco de evoluirem com disfunção ventricular ou mortalidade cardiovascular, sendo indicado seguimento clínico sem a necessidade de medicamentos cardioprotetores. Nos pacientes com grau de suspeição intermediário, está indicada a utilização de medicamentos cardioprotetores e o seguimento clínico e da função ventricular por ecocardiograma e ressonância magnética. Os pacientes com alta suspeição diagnóstica ou com suspeição intermediária com piora clínica ou da função ventricular, apresentam um pior prognóstico a longo prazo, com menor sobrevida, sendo indicado neste grupo a realização de BEM, para a pesquisa da atividade inflamatória e do agente etiológico, para avaliar o tratamento com imunossupressores e terapêutica direcionada para o fator etiológico identificado (). Com a classificação de suspeita diagnóstica, a nova diretriz se aproxima da prática clínica, normatizando o manuseio clínico da maioria dos pacientes com suspeita de miocardite, e reservando a indicação da BEM para os com maior potencial de benefício clínico com a terapêutica imunossupressora.

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Ponto de Vista – Diretriz Brasileira de Miocardite

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