ABC Heart Fail Cardiomyop 2023; 3(4): e20230094
Segurança das Vacinas COVID-19 entre Indivíduos com Cardiopatias
Resumo
O rápido desenvolvimento de vacinas eficazes e seguras foi definido como uma prioridade devido à pandemia de COVID-19. A segurança da vacinação em pacientes ambulatoriais com doenças cardíacas ainda apresenta lacunas.
Uma coorte retrospectiva avaliou a cobertura vacinal e os eventos adversos (EAs) associados às vacinas contra a COVID-19 entre pacientes cardíacos ambulatoriais, entre 2021 e 2022. EA foi definido como qualquer ocorrência médica indesejada após a vacinação. Foi realizada análise descritiva dos dados e as análises inferenciais foram exploratórias. O nível de significância adotado foi de 5%.
Foram incluídos 329 pacientes, 64,5% mulheres, 84,4% pretos/pardos, idade média de 62 anos (±15,5) anos. Morbidades eram comuns. Em relação à vacinação, 84,5% receberam esquema vacinal completo: 43,9% com CoronaVac, 39,2% com AstraZeneca, 15,5% receberam Pfizer e 1,8% receberam dose única de Janssen. Ao final do estudo, 42,6% haviam recebido a terceira dose da vacina, dos quais 96,1% receberam a Pfizer. Do total de vacinados, 33,4% relataram EAs, nenhum deles grave. Pacientes < 65 anos tiveram maior probabilidade de relatar EAs (51,9% vs. 24,5%; p<0,01), bem como pacientes com infecção prévia por COVID-19 (52,8% vs. 33,5% p=0,03) e após vacinação com adenovírus portador ou RNA vacinas do que com CoronaVac (51,2% vs. 19,5%; p<0,01). Na análise multivariada, permaneceram o tipo de vacina (RP 1.136; IC 1,032 – 1,251; p=0,01) e a idade (RP 1,003; IC 1,000 – 1,006; p=0,048) significativamente associados à ocorrência de EAs.
As vacinas contra COVID-19 estudadas eram seguras para pacientes com cardiopatias. Os EAs foram frequentes, mas sem gravidade, sendo mais frequentes em não idosos e após portadores de adenovírus ou imunizantes de RNA.
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