ABC Heart Fail Cardiomyop 2022; 2(4): 404-409
Terapia com CAR-T Cells: Quais Efeitos Cardiovasculares Devemos Esperar?
Resumo
A imunoterapia surgiu como tratamento específico, guiado por metas oncológicas, e trazia para os oncologistas e hematologistas, a falsa impressão de ser isenta de efeitos adversos, em especial, de complicações cardiovasculares. Entretanto, com a utilização desta terapia, observou-se que estes efeitos ocorriam, e algumas vezes poderiam ser fatais. A terapia com células T com receptores de antígenos quiméricos (CAR-T cells) acrescentou benefícios inequívocos para pacientes específicos. Em contraposição, surgiram os relatos de efeitos adversos (EA) cardiovasculares. Neste artigo procedeu-se revisão narrativa de aspectos conceituais, da aplicabilidade clínica, da síndrome de liberação de citocinas, dos EA extracardíacos, e sobretudo, dos EA cardiovasculares relacionados à CAR-T cells. A terapia com CAR-T cells está aprovada pelas agências regulatórias norte-americana, europeia e brasileira, inicialmente para tratamento de neoplasias hematológicas em estágio avançado, após falha ou refratariedade. Dentre os EA extracardíacos destacam-se a síndrome de liberação de citocinas e, consequentemente, encefalopatia, a síndrome de ativação macrofágica ou linfohistiocitose hemofagocítica. Os EA cardiovasculares mais frequentemente descritos são as cardiomiopatias, a miocardite e a disfunção ventricular; as taquiarritmias, alterações no QT e demais alterações eletrocardiográficas; as doenças da pleura e do pericárdio; e alterações em biomarcadores. Recomenda-se, portanto, avaliação clínica prévia, eletrocardiograma, ecocardiograma, troponina e peptídeo natriurético tipo B. Deve-se monitorar o paciente durante o tratamento com ECG contínuo, ecocardiograma seriado e biomarcadores. Os pacientes com EA cardiovasculares graves devem ser internados em unidade cardiointensiva.
Palavras-chave: Imunoterapia Adotiva; Neoplasias; Receptores de Antígenos Quiméricos
296